sábado, 19 de março de 2011

Tudo está mudado


O telefone não toca,
A cozinha não tem cheiro,
Não há toalhas molhadas
Porque você não vem?

Sob a luz do dia a nossa natureza é contradição
Sob a luz amarela, poucos instantes de prazer.
À espera de um crepúsculo
Permaneço sabendo que tudo mudou
E agora, como vítima de um Feitiço,
Maldigo o velho Bispo de Áquila
Pela lágrima que rola e é a única companhia da minha manhã.

Do olhar ermo,
Ao beijo curto,
Não há música na casa
Porque tudo está mudado.


quarta-feira, 16 de março de 2011

Os meus labirintos



No meu mundo de labirintos

Passo o dia criando coisas

Passo a noite lembrando fatos

Vivo a vida como quem se perde

E não tenho muita vontade de encontrar

A saída.

No meu mundo de labirintos

Não há

Ando meio desligada

Ando como se não fosse para lugar algum

Passo o dia recriando a minha existência

Para não ter que chegar à arte final.

Os meus labirintos já existem

Antes mesmo de encostar caneta sobre papel

Eles já estão lá

Eu lanço o contraste

E não espero que alguém entenda.

Os meus labirintos não são para ser bonitos,

Nem, muito menos para explicar algo.

Os meus labirintos são para eu dar sentido:

Aos meus ossos que estalam quando levanto da cama,

Ao café da manhã passado no saco de papel,

Aos livros que leio e não vejo sentido,

A toda essa “arte” que se produziu no mundo e me deu uma profissão,

Mas em nada melhorou a sociedade...

Os meus labirintos só existem para mim.

Ninguém se perde e ninguém se encontra,

Servem apenas para o meu eu dar sentido a si mesmo.

Perdendo-se e se recriando o tempo todo.

"O mundo interior da imaginação faz-se cada vez mais significativo, como que para compensar a pobreza e insipidez da vida cotidiana" (Hebert Read)

domingo, 13 de março de 2011

Nesta noite,
como noutras
ou em próximas escuridões
entre soluços
sob a luz amarela
havida
passa de repente,
num relance
sob efeito do encanto
ah, vida!