sábado, 29 de janeiro de 2011

Palavras imprevisíveis

Procurar palavras é como caçar tesouros sem preço.

Palavras são iconografias
São sentimentos apresentados em linha e verso.
Procurar palavras e achá-las é a conquista da vida.
Um grilo arrancou de mim a palavra abstrata que eu queria
Para representar a minha noite vazia.
Uma lágrima tirou de mim a palavra,
Agora,
Não consigo dizer da saudade que tenho
Dos amores da minha vida
Dos parentes que se foram
Da minha adolescência perdida...


Procurar palavras é recordar o passado,
É tentar (des)construir o que não existe, mas faz sentir.
Palavras são como águas de rios,
Mudam-se com o correr do tempo.
Um beijo me tirou a palavra
E eu ia dizer que me apaixonei pela pessoa errada.
Um olhar me calou naquela hora,
Quando eu ia ser indiferente.
O sexo me trouxe a voz, a palavra em gemidos,
Sem palavras.
Palavras são imagens abstratas de muitas figuras
E nunca se sabe o que vai acontecer.

 

O dia sem você

De manhã,

Tem quinze flores na varanda.
De tarde,
Tem chuva na janela.
De noite,
Tem solidão no quarto.


De manhã,
Tem cheiro de café na cozinha.
De tarde,
Deixo a casa vazia.
De noite,
Tem um grilo cantando entre as plantas.


De manhã,
Tem a vontade de te encontrar.
De tarde e de noite,
Também.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Não-estranho

Não compreendo a tua ciência
Nem, muito menos, entendo os teus pensamentos,
Porém persegues as minhas carícias
E, todas as noites,
Procuro, em pensamento, pelo incompreendido.
As carícias do meu corpo branco, terás.
Iremos ao pequeno planeta.
E, assim, eu te amarei,
Pois,
Não me és estranho.

Formas orgânicas sobre lenços do balcão